Mulheres Negras têm reconhecimento e são celebradas no dia 25 de julho
Por Administrador
Publicado em 24/07/2025 16:52
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Mulheres Negras têm reconhecimento e são celebradas no dia 25 de julho

Homenagem e reconhecimento. Estas palavras expressam o intuito/propósito da Lei nº 12.987, de 02 de junho de 2014, que institui o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em referência a essa líder quilombola do século XVIII e símbolo de resistência e luta contra a escravização.

O 25 de julho, também intitulado Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem o protagonismo e fortalecem as organizações voltadas às suas lutas contra a pobreza, a violência e as desigualdades educacionais e salariais.

Muitas vezes invisibilizadas, as mulheres negras estiveram e estão à frente de movimentos e em áreas essenciais na cultura brasileira, como música, literatura, teatro, cinema, entre outros modos de expressão ou fazer cultural. “São elas que preservam tradições ancestrais e inovam a cultura brasileira”, analisa a coordenadora estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) com Famílias e Comunidades de Remanescentes de Quilombos da Emater/RS-Ascar, Regina da Silva Miranda, ao destacar como fundamental a constante atenção a esse público.

SABERES TRADICIONAIS

A data é celebrada em diversos locais do país, com eventos que valorizam as experiências vividas e a potência das narrativas femininas quilombolas. No Rio Grande do Sul, a Emater/RS-Ascar desenvolve diversas ações de Aters, com foco no reconhecimento, promoção e valorização da cultura negra, e incentiva a realização de atividades que deem visibilidade a esse público, em especial pertencente às comunidades tradicionais quilombolas do Estado.

“Enviamos por e-mail aos escritórios regionais e municipais da Emater algumas sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas junto às comunidades quilombolas com as quais atuamos. É importante para promovemos o fortalecimento identitário e cultural das mulheres negras”, avalia Regina.

Entre as ações sugeridas pela Emater/RS-Ascar para as comunidades quilombolas e para espaços de troca entre as mulheres negras está a realização de Roda de Conversa, convidando mulheres quilombolas, lideranças comunitárias, educadoras, artistas e agricultoras para compartilhar suas vivências e discutir, por exemplo, O Protagonismo das Mulheres Negras na Construção de Comunidades. Regina também sugere um Sarau Cultural Afro-Latino-Caribenho, com poesia, música, dança e contação de histórias, com foco em autoras e expressões negras femininas, com apresentações de capoeira e samba de roda.

“São várias as possibilidades de eventos e atividades que celebram as mulheres negras e que podem reafirmar seu papel como símbolo de resistência, promovendo reflexões sobre suas lutas, desafios e conquistas”, observa Regina, que cita a realização de uma Mostra de Documentários e Filmes, com sessões seguidas de debate com o público. Entre os vídeos que abordam esse público estão "Quilombo" (1984), "Mulheres de Barro" (2024 - sobre ceramistas negras), e "A Negação do Brasil" (2000 - Joel Zito Araújo).

FEIRAS E SABORES

A realização de uma Feira de Mulheres Negras da Agricultura Familiar também é sugerida por Regina, para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com espaço para troca de sementes crioulas e saberes tradicionais e comercialização de produtos cultivados por mulheres quilombolas ou agricultoras familiares.

A Feira também pode ser o espaço para um Encontro Intergeracional, com a participação de mulheres jovens e idosas para um momento de troca sobre experiências, desafios e sabedorias entre gerações, com a possível realização de uma Exposição “Memória e Resistência Feminina”, com fotografias, textos, artesanato e registros históricos de mulheres negras da região, que pode ser montada em centros culturais, escolas ou sedes de associações.

Oficinas Temáticas para a confecção de turbantes, demonstração de culinária ancestral, fitoterapia, cosméticos naturais, bonecas Abayomi, bordado com memória, conduzidas por mulheres da própria comunidade, também podem integrar a agenda de celebrações e homenagens às mulheres negras que atuam nas áreas de saúde, educação, cultura e agroecologia, entre outras.

Também pode ser promovido um Ciclo de Estudos ou Formação, com temas como interseccionalidade, racismo estrutural, políticas públicas para mulheres negras, e sobre a história das mulheres quilombolas no Brasil. Uma Campanha Digital ou Rádio Comunitária, compartilhando, nas redes sociais ou rádios locais, podcasts ou pequenos vídeos com depoimentos e frases, histórias e perfis de mulheres negras locais, também dará mais visibilidade à data e às lutas desse público.

A DATA

Em 1992, na cidade de Santo Domingo, na República Dominicana, no Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criou-se a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, onde definiu-se o dia 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. No Brasil, oficializou-se a data em 2014, quando a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987, determinando o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Tereza de Benguela foi uma mulher quilombola, rainha e chefe de estado, que viveu no século XVIII no Vale do Guaporé. Ela liderou o Quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, que resistiu da década de 1730 até o final do século.

Foto: Fernando Dias | Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação – Seapi - RS)

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